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quinta-feira, outubro 20, 2005

Prof Allan Rangel Barros de Oliveira Barros

Todo mundo está falando de WiMax ou pelo menos, já ouviu alguém falar.

A tecnologia WiMax (IEEE 802.16), que se encaixa na categoria de WMANs (wireless metropolitan area networks), promete levar acesso de alta velocidade aos pontos mais remotos, geralmente chamados de "last mile". Tudo isso, sem a presença de fios, ou seja, cabos telefônicos (ADSL), cabos coaxiais (cable-modems) e tudo mais que esteja relacionado à forma atual de se conectar à internet, passará a fazer parte do passado da comunicação digital, que hoje tem sua maior manifestação sob o nome de internet. Em outras palavras, qualquer pessoa em qualquer lugar, através de diversos tipos de aparelhos (seja um simples desktop ou notebook), poderá acessar a web em alta velocidade através do WiMax.

Só para exercitar, podemos imaginar uma cena onde o turista sobe até o Cristo Redentor, abre seu notebook e inicia uma videoconferência com a sua família que está na Grécia. Em outra cena, podemos imaginar o empresário bem sucedido acessando sua caixa corporativa de dentro de seu iate particular ancorado a oito quilômetros da costa. Para potencializar ainda mais essa dimensão, podemos nos lembrar de que hoje, qualquer tipo de acesso móvel popular é feito através de hotspots Wi-Fi (alcance máximo de 300 metros em boas condições, com velocidade máxima de 108Mps*) ou utilizando a cobertura das redes de telefonia celular, que começam a dar os primeiros sinais de 2.5 e 3G, dependendo do país ou região. Outras tecnologias wireless para transmissão de dados também são amplamente empregadas no "abastecimento" de dados empresarial ou residencial. A Motorola, por exemplo, já explora intensamente a comercialização e difusão de sua tecnologia proprietária chamada Canopy, mas atualmente, nenhuma tecnologia permite tamanha cobertura e velocidade de acesso a custos tão baixos como é esperado com a chegada do WiMax.

A Intel é uma das principais defensoras e colaboradoras no desenvolvimento do WiMax (padrão 802.16 do IEEE). Até a Motorola, que já aposta fichas no Canopy, também participa do WiMax Forum. Todos sabem que o WiMax terá, com certeza, um grande impacto em nosso dia a dia. O envolvimento intenso de gigantes como a Intel e Motorola é uma prova significante disso. Só não se sabe exatamente quando e onde essa tecnologia vai estar disponível comercialmente.

Fatos e notícias podem nos ajudar no esbôço de algumas suposições. Recentemente, a Intel divulgou que, através de sua tecnologia, notebooks deverão ser compatíveis com WiMax até o início de 2006. Vale lembrar que a própria Intel desenvolveu e atualmente comercializa a tecnologia chamada Centrino™, que dá acesso Wi-Fi 11g/b à maioria dos notebooks comercializados hoje. Recentemente, a Intel começou a comercializar em larga escala o seu chip com codenome "Rosedale". O Rosedale, na verdade, é o system-on-a-chip (SoC) compatível com o 802.16-2004 que a Intel desenvolveu para que fabricantes possam produzir equipamentos compatíveis com a tecnologia WiMax. Logo em seguida, a Fujitsu também anunciou a produção em larga escala de seu SoC MB87M3400, que custa US$45 em lotes de mil.

Segundo a Intel, o surgimento do WiMax será divido em três estapas:

Na primeira, ainda no primeiro semestre de 2005, usuários poderão ter acesso através de de pontos "fixos" com antenas do tipo "outdoor". Nessa fase, aquele sítio do seu amigo passará a ter acesso broadband. O padrão para esse tipo de acesso é o 802.16-2004.

Na segunda etapa, provavelmente, no primeiro semestre de 2006, usuários terão acesso através de antenas do tipo "indoor" (isso significa que o seu próximo provedor de internet poderá ser wireless).

Na terceira e última fase, com o padrão 802.16e, a total mobilidade e portabilidade será realidade. Nessa fase, todos poderão acessar a internet com total liberdade de movimento, como por exemplo, a partir de um carro em movimento na rodovia.

Podemos dividir a história da internet em antes e depois do WiMax. Antes, as pessoas só podiam acessar a internet através de pontos físicos pré-estabelecidos, como cyber-cafés, salas de aeroporto com cobertura Wi-Fi ou através do computador residencial. Depois do WiMAX, as pessoas poderão acessar a web a partir de qualquer lugar: do camping, na rodovia, do sítio ou do Cristo Redentor. A internet, ou conectividade à mesma, passará a fazer parte de nossas vidas da mesma forma que um simples relógio de pulso faz. Isso, graças às novas tecnologias sem fio que hoje nos permitem carregar smartphones, notebooks e handhelds compatíveis com elas.

Alguns países, como a Coréia do Sul, Inglaterra e China, são considerados alvos principais para a implementação de redes WiMax. Pilotos de WiMax já estão em funcinamento nos cinco continentes.


Foto: Nasa

Se você acha que na China só tem gente nas áreas iluminadas, você está enganado. As áreas iluminadas são apenas os principais centros (Xangai, Hong Kong e Pequim). Empresas como a China Motion Telecom e Shenzhen Powercom não estão no WiMax Forum à toa. A Intel, juntamente com a Alvarion e China Unicom, já avança numa íntima relação com as autoridades locais, que tem como objetivo tornar o 802.16a o padrão para acesso de banda larga sem fio no país. Os pilotos em andamento em 7 cidades chinesas mostram bem isso.

A foto nos dá uma dimensão aproximada dos principais aglomerados urbanos existentes no mundo atual. Podemos facilmente notar a densidade da costa leste americana, Europa e chegando ao extremo no Japão, onde o país inteiro está iluminado. A foto acima também pode ser interpretada da seguinte forma: atualmente, a internet está mais presente nas áreas com maior iluminação. As áreas escuras representam altos custos de investimento em infra-estrutura para levar internet através das formas tradicionais, via cabo/fibra ótica ou rádio proprietário.

Note a quantidade de áreas escuras, onde provavelmente, a internet de banda larga ainda não chegou, pois nem todas as empresas de telecomunicações estão dispostas em investir em milhas de cabeamento de fibra-ótica terrestre, marítmo ou rádio para abastercer uma pequena cidade do interior com pouco mais de mil habitantes.

Com a internet popular de alta velocidade via rádio, as chances de termos acesso rápido e de qualidade nos pontos mais extremos do planeta aumenta consideravelmente.

No início, o WiMax não deverá competir diretamente com o acesso via cabo ou discado, pois o WiMax será usado para cobrir o "last mile", onde o cabo dificilmente chegará. Regiões rurais ou remotas serão as principais beneficiadas e podem ser consideradas os principais "alvos" do WiMax. A British Telecom, por exemplo, já realiza testes em regiões rurais da Irlanda. Não faz muito sentido oferecer o WiMax num cenário onde boa parte das residências ou empresas já acessam a internet através de cabos. Por isso, muito provavelmente, o WiMax caminhe do campo em direção aos grandes centros.

Recentemente, a Intel demonstrou o funcionamento de uma rede WiMax na cidade de La Vegas. Para fazer tal demonstração, a Intel cobriu uma área de 800 km² com o sinal. Era possível captá-lo com um equipamento especial no meio do deserto.

Na última vez em que conversei com o alpinista Waldemar Niclevicz, ele pensava em como viabilizar a transmissão de sua próxima aventura através de um link de satélite.

WiMAX, o Everest lhe aguarda

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